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  • Edson Grandisoli

Sobre Inovar em Educação


No final do mês de junho, tive o privilégio de desenvolver uma atividade com jovens de 8 a 11 anos na Escola Municipal Joaquim Martins, na Comunidade Boca do Mamirauá, no município de Uarini (AM), uma parceria entre a Escola da Amazônia e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

Depois de uma preparação de alguns meses, ainda tínhamos dúvidas sobre o número de estudantes que nos esperava. Não porque não tivessem interesse, mas pelas dificuldades de locomoção. Para nossa surpresa, mais de 30 jovens nos esperavam, de início desconfiados com os “estrangeiros”, mas depois alegres, carinhosos e receptivos. Nesse dia na Joaquim Martins certamente aprendi mais com eles que eles comigo.

Um dos fatos que me chamou muita atenção nesse dia foi a presença e participação de pais de vários alunos nas atividades, além dos professores, funcionários que cuidam da escola e outras figuras da comunidade que passaram por lá para dar uma olhada e ajudar.

O centro da ação eram os alunos, mas a responsabilidade por realizá-la foi compartilhada por todos, e a felicidade de fazer parte estava estampada no rosto de cada um. Com isso, os resultados das atividades não poderiam ter sido melhores (e não poderia ter sido diferente).

Fala-se muito em escola como parte da comunidade e do território.

Aprendi que na Boca do Mamirauá, e com certeza em inúmeras comunidades na Amazônia, esses três elementos se mesclam de forma indissociável. Não há como conceber uma escola dissociada da comunidade e da realidade de seu território, pois ela é considerada de todos e, acima de tudo, para todos.

A escola, dessa forma, se torna um ponto de encontro e de construção coletiva, gerando corresponsabilização e um verdadeiro sentimento de pertencimento que envolve não somente os adultos, mas os jovens de todas as idades nas tomadas de decisão e nos rumos da comunidade.

Voltando a São Paulo, o sentimento é sempre o mesmo. Lamento que o brasileiro, de forma geral, não conheça e não tenha interesse em visitar a Amazônia e toda sua sociobiodiversidade.

Lamento que nossos educadores não têm a chance e, muitas vezes, o desejo de conhecer quem já inova há tantas décadas e têm sido capaz de criar uma escola que, para além da informação, forma cidadãos participativos e solidários por meio da criação e manutenção de relacionamentos estruturados na confiança e no diálogo.

Em um mundo e em sociedades com valores cada vez mais individualistas e competitivos, estimulados muitas vezes dentro da própria escola, inovar em Educação, para mim, é o que estão fazendo há décadas sem ajuda de computadores e apps os queridos amigos e amigas da Joaquim Martins.

Só tenho a agradecer pelo carinho e receptividade. Trago comigo uma nova visão do papel da escola e a esperança de dias mais felizes graças a vocês.

[FOTO 1: Edson Grandisoli]

[FOTOS 2 e 3: Silvio Marchini]


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