Um dos principais objetivos da minha especialização em neurociência foi responder à seguinte pergunta: como podemos inspirar comportamentos mais sustentáveis? Na busca por motivadores, um dos primeiros tópicos abordados foi se o medo é um bom motivador para mudanças de comportamento.
Sim, o medo é um dos maiores motivadores de mudança comportamental, mas com um grande "SE". Ele é eficaz se a pessoa tiver clareza sobre dois aspectos fundamentais: a ameaça e o que exatamente precisa ser feito para evitá-la. Quando essa clareza existe, o comportamento se sustenta e pode se tornar um hábito, especialmente se a ameaça for constante. No entanto, na ausência dessa clareza, o medo pode ter um efeito contrário, gerando negação ou paralisia.
É por isso que a abordagem catastrofista nunca funcionou para engajamento em massa. Quando olhamos para as mudanças climáticas, um desafio complexo e sistêmico que parece tão próximo e tão distante ao mesmo tempo, a maioria das pessoas não compreende plenamente as ameaças envolvidas, muito menos o que precisa ser feito para enfrentá-las.
Uma tragédia como a que estamos vivenciando no Rio Grande do Sul é a tangibilização de uma dessas ameaças e nos impacta profundamente. Este momento de preocupação e compaixão com todas as famílias e pessoas afetadas precisa ser transformado em AÇÃO de curtíssimo prazo, como doações e ajuda em todos os processos de reconstrução humana e material do local. Além disso, deve ser transformado em VISÃO de presente e futuro relacionada ao enfrentamento das mudanças climáticas.
E o que EU posso fazer?
Problemas sistêmicos exigem soluções sistêmicas, e é por isso que é tão difícil responder de forma direta e simples a essa questão. De forma prática, quanto maior for o poder de alcance e influência, maior será o impacto de suas ações. Portanto, sempre pense em como suas ações podem impactar:
Políticas públicas
Políticas corporativas
Ações individuais
O quão trágico ou próximo precisa ser o desastre para você mudar seu comportamento?
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