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  • Thatiana Passi

Por que educar as crianças para a equidade de gênero?

Atualizado: 4 de mar. de 2021

As desigualdades de gênero impostas no nosso dia a dia são fruto de uma consciência e paradigma já “pré-estabelecidos” que foram construídos e vem sendo mantidos há tempos.


Opressão, perpetuação de estereótipos, violência física e psicológica são apenas alguns exemplos das consequências da falta de preocupação com a abordagem desta temática desde a infância.


Entre as idades de 3 e 5 anos, as crianças começam a desenvolver sua identidade de gênero e começam a entender a diferença entre “menino e menina”. Quase imediatamente depois de se tornarem cientes disso, começam a desenvolver “estereótipos”, que se aplicam a si mesmos e aos outros, em uma tentativa de dar sentido e ganhar a compreensão sobre a sua própria identidade.


Esses estereótipos são razoavelmente bem desenvolvidos entre os 5 e 7 anos de idade, tornando este um período crítico para lidar com a temática.


Quando internalizados, os estereótipos negativos impactam no entendimento que a criança tem do mundo a sua volta; na sua autoestima; e até mesmo em seu desempenho acadêmico.


É, portanto, papel do educador [e do adulto no geral] desenvolver um senso positivo a respeito das questões de gênero e equidade, trabalhando ativamente para neutralizar preconceitos e reduzir danos, contribuindo para a construção de uma infância sem violência física, psicológica e autônoma.


Equidade de gênero na escola


Pensar em estratégias para formar o educador para lidar com tais questões pode contribuir para uma educação voltada ao respeito, liberdade, empatia, menos violenta e opressora.


Quando abordados desde cedo, os temas trazem uma elucidação a questões como igualdade de direitos e liberdades, reconhecendo e valorizando meninos e meninas, em suas individualidades.


O trabalho com equidade de gêneros e empoderamento infantil promove o respeito pelos desejos e expressões de cada um, contribuindo com o rompimento de relações de dominação.


O estabelecimento de igualdade de direitos e respeito entre homens e mulheres está diretamente relacionado com o desenvolvimento das sociedades. Ao longo dos tempos, mulheres lutaram — e ainda lutam!— para que o seu papel no mundo seja valorizado, de uma forma justa.


Estamos diante de um momento decisivo na história da educação. Devemos reconhecer que estamos no meio de uma magnífica diversidade cultural, de diferentes formas de vida e novas manifestações, e somos uma comunidade!


É preciso somar forças para gerar uma sociedade sustentável baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz.


Para este fim, é imperativo que declaremos nossa responsabilidade. Se quisermos que as crianças cresçam socialmente conscientes é preciso educá-las para compreender e defender a equidade de gênero - pilar, este, necessário para a construção de uma infância baseada no respeito, tanto dentro como fora da escola, que desconstrua paradigmas e ideias pré-estabelecidas.



As crianças observam, absorvem e, consequentemente, perpetuam muitos padrões, atitudes e discursos. Trabalhar a desconstrução desses padrões é garantir que elas cresçam em segurança para exercerem sua individualidade, livres de preconceito, violência e confiantes para ser o que quiserem — como quiserem.


Esta não é uma tarefa fácil — e nem há manual de instrução de como fazê-lo. Devemos, então, ficar atentos a nossas ações diárias — que refletem e reforçam estas desigualdades.

Sobre isso, um trecho do livro Gênero, sexualidade e educação — uma perspectiva pós estruturalista, de Guacira Lopes Louro:

“Um outro modo de compreender as identidades sexuais e de gênero implica mudanças extremamente significativas. Não é tarefa fácil e trivial. Trata-se de assumir que todos os sujeitos são construídos socialmente, que a diferença (seja ela qual for) é uma construção feita — sempre — a partir de um dado lugar que se toma como norma ou como centro. É preciso, pois, pôr a norma em questão, discutir o centro, duvidar do natural… Mas, não há como negar que a disposição de questionar nosso próprio comportamento e nossas próprias convicções é sempre muito mobilizadora: para que resulte em alguma transformação, tal disposição precisará ser acompanhada da decisão de buscar informações, de discutir e trocar ideias, de ouvir aqueles e aquelas que, histórica e socialmente, foram instituídos como ‘outros’.”

Escrevi algumas dicas de como abordar a temática na infância aqui.

É preciso, mais do que nunca, educar as crianças para a liberdade.

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