Acorda. Toma um cafézinho. Prepara uma porção de frutas. Sobras de cascas. Lixo orgânico. Almoço. Prepara a refeição. Sobras de talos e legumes. Lixo orgânico. Lanchinho da tarde. Sobras de cascas. Lixo orgânico. Jantar. Prepara a refeição. Sobras de talos e legumes. Lixo orgânico.
Essa, provavelmente, também é a sua rotina em casa - e na escola.
Todos os dias, nos deparamos muito com restos de comida: seja no preparo das refeições ou ao finalizá-las. Não temos o costume de aproveitar o alimento integralmente - e nem de descartá-lo de formas alternativas ao "lixinho" orgânico da pia ou da lixeira no refeitório da escola. Se tornou mais prático e rápido simplesmente descartá-lo no coletor e "não precisar olhar mais ele". Após as refeições, ensacamos nosso resíduo orgânico em um saco plástico e enviamos para um aterro sanitário (quando não, para um lixão!) e passamos a achar isso completamente normal.
Mas... Você já parou para refletir sobre isso? Só porque é mais prático, será que é melhor?
Após a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída em 2013, os lixões passaram a ser proibidos no Brasil, mas, mesmo assim, algumas cidades ainda não contam com aterros sanitários. Nas que contam, os resíduos orgânicos são devidamente encaminhados para estes locais, que possuem seu acesso restrito e preparados para receber adequadamente os restos orgânicos de modo a evitar a contaminação.
Porém, ainda assim, os aterros sanitários podem causar diversos impactos negativos, como, por exemplo, aumento de ruído e piora da qualidade do ar (mau cheiro), além da redução da cobertura vegetal e perda de espécies da fauna local, pois exige que uma grande área seja modificada. A construção e operação do aterro também demanda elevado investimento financeiro e os resíduos depositados são isolados em mantas impermeabilizantes e não poderão ser utilizados no futuro, se constituindo em um passivo ambiental deixado para as futuras gerações.
Ou seja: estamos enterrando os resíduos orgânicos com outros materiais e impossibilitando o seu uso como adubo e consequentemente o seu retorno para a terra! Faz algum sentido isso?
Estima-se que 50% de todo o resíduo que produzimos em casa - e na escola - é orgânico e poderia ser reciclado. Sim. Isso mesmo. RE-CI-CLA-DO. Então, por que ainda jogamos os restos orgânicos fora para serem encaminhados para aterros e lixões e não reciclamos esse material?
Nós já sabemos que existem alternativas sustentáveis para um melhor gerenciamento e tratamento desse material e o nome dado a esse processo é: COMPOSTAGEM. A compostagem pode ser realizada em pequenos espaços, como em casa e no apartamento e, também, em grande escala como uma solução para empresas, escolas e até cidades. Existem diversos tipos de compostagem como a vermicompostagem (compostagem com minhocas), a compostagem em leiras, a termofílica, compostagem elétrica, dentre outras.
Para escolas, um dos tipos que mais sugerimos é a vermicompostagem (compostagem com minhocas). Embora ela tenha restrições quanto aos tipos de alimentos que podem ser depositados - por conta da sensibilidade das minhocas, funciona como uma excelente proposta pedagógica para aproximar as crianças e demais atores da comunidade ao processo. A compostagem é um processo natural em que os micro-organismos, como fungos, bactérias e, nesse caso, as minhocas, são responsáveis pela degradação dos alimentos, transformando-os em húmus, um material muito rico em nutrientes e fértil.
Então... por que as escolas ainda não compostam os restos do lanche e almoço?
Com certeza você já ouviu afirmações como: "a compostagem fede", "é sujo e atrai bicho" ou "vou precisar encostar em minhocas todo dia e não quero!". Mas, será que isso tudo é verdade?
A compostagem, quando bem manejada, não produz nenhum odor ou mau cheiro. Alguns bichinhos fazem mesmo parte do processo - como microorganismos, mas nenhum animal será atraído ao local. Este é um processo totalmente limpo e higiênico. E... não, você não vai precisar encostar nas minhocas todos os dias para fazê-lo acontecer, embora a gente recomende fortemente você apresentá-las ao seus alunos(as). Eles(as) adoram!
Quando depositamos nosso resíduo orgânico na composteira, diminuímos a quantidade de resíduos que seriam destinados aos aterros sanitários! Não é preciso muito espaço para instalar as caixas e você terá um ótimo adubo (sólido e líquido) proveniente do processo para colocar na horta, ou para doar para a comunidade.
Este é um processo que ensina às crianças - e aos adultos - sobre como contribuir para fechar o ciclo da natureza de forma ética e respeitosa. Nós devolvemos à terra aquilo que ela nos deu. E é possível trabalhar valores, habilidades e competências como paciência, observação, trabalho em equipe, pensamento crítico e científico. Também nos faz refletir sobre a quantidade e qualidade dos alimentos que ingerimos.
Só benefícios!
Tem algum outro motivo pelo qual você ainda não começou a compostar na sua escola ou na sua casa? Comenta aqui e quem sabe a gente não possa te ajuda!
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