O consumo é inerente ao ser humano, precisamos consumir de alguma maneira para viver. O problema que está em questão no presente artigo e que hoje contribui com quase todos os desafios sociais, éticos e ambientais não é o consumo em si, mas sim o consumismo, o excesso, o desperdício, o além da necessidade.
É um assunto complexo, difícil de reduzir a um artigo breve como esse. Entretanto, meu objetivo aqui é justamente tentar trazê-lo de uma maneira simplificada e acessível, fazendo um recorte para gerar algum tipo de reflexão em todas as pessoas (e não apenas nos ambientalistas e educadores ambientais como eu).
Para aqueles que querem consumir menos, ou quem sabe incentivar alguém a embarcar nesse processo, o primeiro ponto essencial é entender por que a gente consome acima do necessário. Por trás do ato de consumir, estão algumas crenças fundamentais.
1. “Por que eu mereço”
Você já teve esse sentimento? De que você trabalhou ou estudou muito e por isso merece comprar aquilo que você quiser? A crença do consumo por merecimento é muito forte e presente hoje em dia, principalmente com as pessoas trabalhando cada vez mais.
2. “Quero me incluir nesse grupo”
O humano é um ser social e por isso busca o sentimento de pertencimento a um grupo. Em uma sociedade consumista, muitas vezes, a inclusão acaba sendo pautada por bens de consumo e pelo poder de compra das pessoas.
3. “Eu sou o que eu tenho e não o que sou”
Sentimos que somos julgados por nossas conquistas materiais e o quanto conseguimos comprar e consumir. Principalmente com redes sociais e a cultura da ostentação, o consumo passa a ser o status mais almejado entre as pessoas.
4. “Preciso suprir a falta com alguma coisa”
Essa crença faz referência a vazios internos individuais ou que sentimos deixar nas outras pessoas com as quais nos relacionamos. Como não conseguimos preencher com o que é essencial – amor, autocuidado, afeto, experiências – buscamos em bens materiais o preenchimento dessa falta.
Essas e muitas outras crenças ligadas ao consumismo estão pautadas em valores humanos intrínsecos da nossa sociedade atual: competição, egoísmo, desconexão, medo, ganância.
Entendendo melhor quais crenças e valores estão por trás do nosso ato de consumir, conseguimos refletir e substituir as causas desses sentimentos de satisfação e prazer ao comprar, por experiências diferentes e mais significativas.
O ser humano não precisa de coisas, mas sim de vínculos e de afeto. Precisamos ser uma sociedade consumista de cultura, de amor, de conhecimento, de relacionamentos significativos, de experiências e de momentos vividos com significado e felicidade.
E na sua opinião, o que mais influencia as pessoas a serem consumistas?
O texto foi originalmente publicado no Autossustentável
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