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Qual o papel da escola em momentos de crise?

Por que a tragédia que aconteceu no Litoral Norte de SP não é um "desastre natural" e o que isso tem a ver com injustiça climática?


Na semana do carnaval, época mais festiva do ano no Brasil, assistimos a dias trágicos em um cenário "de guerra" - de acordo com os moradores, no litoral norte da cidade de São Paulo. O que vimos acontecer foi uma combinação entre efeitos da crise climática, ausência de políticas públicas de precaução e injustiça ambiental.


A emergência climática é resultado das atividades humanas, levando ao aumento da temperatura média do planeta, que por sua vez causa uma série de impactos ambientais, como o aumento do nível do mar, o derretimento de geleiras e a intensificação de eventos climáticos extremos, incluindo tempestades, furacões e enchentes, além de secas prolongadas.


O desastre no litoral norte de São Paulo é um exemplo de como a crise climática, em conjunto com a La Niña, pode colaborar com o aumento da intensidade das chuvas. As fortes chuvas, portanto, é o tipo de evento extremo que os cientistas têm alertado e que possui relação com as mudanças no clima.


Porém, o que isso tem a ver com injustiça ambiental e políticas públicas? Não seria apenas uma "chuva de verão", que cai para todos, anualmente?


As chuvas, de fato, afetam a todos(as). Esta, em particular, alagou condomínios de alto padrão, levou carros embora, derrubou postes de luz e interditou estradas inteiras, impedindo o deslocamento de muitas pessoas. No entanto, a vida da população mais vulnerável foi a mais afetada nesse evento. Por isso trouxemos o termo "injustiça ambiental". Isto é, quando as comunidades mais pobres e minoritárias são afetadas de forma desproporcional por eventos climáticos.


De acordo com o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, em entrevista para a UOL Notícias, o Brasil tem hoje aproximadamente 14 mil pontos de riscos altíssimos de desastre e 4 milhões de pessoas morando nessas áreas. A pandemia, a pobreza e o desemprego empurraram, nestes últimos anos, milhares de pessoas para condições ainda mais precárias. Segundo a Fundação João Pinheiro, no ano de 2019, havia um déficit habitacional de 5,9 milhões de moradias e depois de mais de dois anos de pandemia este déficit pode ser ainda maior.


Sakamoto destaca que chamamos equivocadamente de "desastres naturais" as mortes causadas por inundações, deslizamentos, entre outros eventos. Não há nada de natural nisso, pois é possível prever e buscar caminhos para evitar sofrimento. Ele comenta que a retirada da população de um local, com antecedência, e a recolocação em outro, de forma decente e digna, é um exemplo de como fazer. A melhoria estrutural de uma comunidade para evitar um deslizamento, é mais uma. Políticas de moradia que construam casas em locais fora de risco é outro e políticas de desenvolvimento viário, que prepararem nossas rodovias para as chuvas. Pesquisas para o levantamento de novas áreas de risco e o desenvolvimento de protocolos de retirada são fundamentais.



Quem teve que deixar sua casa definitivamente por conta das tragédias devem ser considerados refugiados climáticos.


E o que a escola tem a ver com isso? Qual o papel da escola em momentos como esse?


Precisamos nos aprofundar na escola sobre a ciência do clima, procurando entender o que está acontecendo e, porque, mas principalmente, trazer o olhar para as questões sociais relacionadas.


Não podemos ficar no discurso de “desastre natural” sem trazer a perspectiva do ser humano no meio de tudo isso, das políticas públicas (ou falta delas) e desigualdades sociais.


Apresentem e discutam conceitos fundamentais como: eventos extremos, injustiça climática, ações de adaptação ou até mesmo o debate sobre financiamento climático para perdas e danos. Essas temáticas dialogam com diferentes conteúdos curriculares como, por exemplo, erosão do solo, expansão urbana e direto a moradia, emissões de gases de efeito estufa, desmatamento e conceitos básicos de climatologia.


Para os menores, além de conectar com assuntos adaptados à faixa etária, podemos também fomentar o protagonismo e nosso papel diante de tudo isso organizando ou apoiando uma campanha de arrecadação de mantimentos para doação, por exemplo.



Nós acreditamos na escola como um espaço de acolhimento e também lugar de fomentar questionamentos e pensamento crítico - e isso vale da educação infantil até o ensino médio. A escola é um espaço privilegiado de socialização e aprendizagem, onde as pessoas são expostas a diferentes conhecimentos e experiências que contribuem para o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas, emocionais e sociais. É nela que é ofertada a oportunidade de adquirir conhecimentos científicos, históricos, culturais e artísticos que as ajudam a compreender a complexidade do que estamos vivendo. A partir daí, é possível desenvolver uma visão crítica sobre a realidade e questionar as verdades estabelecidas, buscando novas formas de pensar e agir.


Fontes e conteúdos para se aprofundar no assunto:




Quer ajudar e não sabe como? Acompanhe páginas que estão arrecadando dinheiro ou doações para reerguer a comunidade.


Este documento foi criado para otimizar e atualizar em tempo real os pontos de coleta de doações por cidade. O que doar? Botijão de gás, colchões, toalhas, travesseiros e roupa de cama, itens de higiene, remédios, roupas íntimas, alimentos não perecíveis, etc.

Tiê Sahy - Vaquinha para as famílias dos funcionários do Tiê Sahy

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